Liberdade e autocontrolo

Quando falamos em autocontrolo geralmente associamos sempre a auto privação ou uma forçada força de vontade. No entanto, estas são as formas para controlar a si mesmo, não há liberdade nenhuma nelas, pois não? Veja a seguir uma forma de atingir o autocontrolo e a liberdade simultaneamente:

“Um dia acordei numa manhã e me encontrei mergulhado num choque psicológico. Me tinha esquecido que estava livre.”

- Jack Henry Abbott

Havia uma época, á pouco tempo atrás, que a ideia de autocontrolo criava em mim imagens de um forte homem de negócios, máquinas sem vida tal como os drones ou mesmo julgamentos puristas.
Todo o ser humano procura por liberdade. E geralmente, pensamos que o autocontrolo não esta associado a liberdade. Mas, como é possível ser feliz se fazer o que gosta?
Para muitos de nós, autocontrolo significa apertar o punho, prender a respiração e por ai fora. Mas o autocontrolo sob repressão e negação, não é autocontrolo. É mais tortura do que qualquer outra coisa.

Há alguns meses atrás, antes de experimentar a intensa transformação espiritual, decidi parar de fumar. Na época, não percebi que todos os pensamentos que tive, e qualquer atitude que tomava estavam inteiramente conectados; Ai estava a razão pela qual fumava. Havia alguma razão, não interessa a quão enterrada ela esta agora.

Pensei que parando de fumar, resolveria muitos dos meus problemas, mas estava simplesmente a aproximar-me mais de problemas maiores, e assim continuava a se autodestruir, e sentir-se envergonhado e inautêntico.

E ai fui tendo várias recaídas…. Mais…. E mais recaídas.

Foi então que analisei a minha situação e disse para mim mesmo, talvez seja capaz de parar nunca mais, talvez tenha ido longe de mais, talvez tenha me viciado de mais ou até talvez foi necessário fumar para que me tornasse mais criativo.

Olhava para o processo de parar de fumar como um acto de “autocontrolo” – a versão tortura. Era triste. Odiava aquilo. Queria, desesperadamente, fumar. Acreditava que precisava daquilo para viver. Acreditava que fosse do tipo de pessoa: que não poderia ser boa ou normal. E assim, a cada momento sem um cigarro era excruciante.

Toda a vez que tinha recaídas, me sentia em livre; livre para fazer o que me apetecia. Dizia para mim mesmo que a vida sem cigarros é uma vida de escravidão. Que só podia ser livre se fizesse o que realmente me apetecesse. Desse jeito, permite que continuasse num ciclo de dor e autodestruição.

Como a dor do suposto autocontrolo era seguido das recaídas que por sinal iam tendo mais espaço, mais e mais, finalmente tive uma paragem brusca, e ai tive noção do quão escravizado eu estava sendo, e quão pequena era a liberdade que tinha.

 A partir deste despertar, brotou uma grande epifania que se encontrava tecida em centenas de fios de linha que finalmente desfiei e desenrolei do meu corpo, mente e alma. Foi então, que tive a certeza absoluta: autocontrolo na verdade significa a mente em controlo. Significa deixar a parte mais autêntica e pura que se encontra dentro de nós, tomar controlo da nossa vida. O autocontrolo é simples. É a verdadeira liberdade. E o combustível para tal é a apenas a fé.

De repente, a vida tornou-se simples.

Todos nós tentamos viver a vida na sua maior plenitude fazendo o que bem entendemos, quando bem entendemos. Bom, eu acho que a razão pela qual o autocontrolo parece ser o total oposto disto é simplesmente porque as pessoas ainda não estão ligadas aos seus desejos mais profundos. É por isso, que nos concentramos mais ao que parece óbvio, e relativamente mais fácil - carros, dinheiro, roupas e por adiante. Mas no final, se formos a analisar, estas coisas tem um grande potencial de nos distanciar da nossa verdadeira personalidade.

Nós pensamos que precisamos das riquezas do mundo material para atingir a felicidade e liberdade, mas na verdade é tudo ouro dos tolos. Estas coisas acabam e nos deixam desapontados, pois depois de trabalharmos tão duro para obtê-las, temos nos lembrar sempre que é isso mesmo que nós escolhemos e que era suposto estas coisas tornarem a nossa vida mais feliz. 

Infelizmente, só depois de chegarmos ao fundo do poço, de descobrirmos que na verdade estamos numa verdadeira prisão construída por nós mesmo, pedra por pedra, depois de se terem passados anos sem na verdade encontrarmos a verdadeira felicidade, que damos conta de que: o auto controlo não é o oposto da liberdade. O autocontrolo é liberdade. 

É somente quando o nosso verdadeiro eu esta sob controlo da nossa vida que nós finalmente encontramos a felicidade.
Estamos num oceano – um mundo profundamente misterioso, emocionante e turbulento – a única forma de navegar livremente é obtendo um capitão capacitado e altamente treinado para lhe proteger das tempestades. Advinha quem pode ser este capitão – apenas você mesmo!

Aqueles que não conseguem se controlar, vivem na escravatura. São escravos da própria dor, a qual estão inconscientemente ligados. E consequentemente, são também escravos do sistema que alegremente explora o tempo e dinheiro daqueles que estão dispostos a trocar as suas vidas por medidas de segurança. O sistema apenas funciona assim porque nós permitimos que ele seja assim. Não é falha de ninguém, é responsabilidade de todos.
Esta na hora de acordarmos, de aceitarmos de uma vez por todas que a verdadeira, única e a mais preciosa segurança é a eterna e ilimitada segurança proporcionada por nós mesmo através do autocontrolo.

Nós já somos livres. Livres para ser guiados por quem realmente somos. De natureza já nascemos livres de pensar, livres de amar e livres de espírito. 

Somos livres de graciosa e compassivamente controlar a nós mesmo de forma a obtermos a mais pura auto realização.

Por Vironika Tugaleva em The Freedom Of Self Control  

- Adaptado